sábado, 29 de novembro de 2008

UM DIA DE CHUVA




Hoje a cidade está macilenta
as pessoas “correm”, encolhidas,
olham as pedras do chão, tolhidas,
a sua disposição está cinzenta;
Não se vê uma cara com um sorriso,
no casaco albergante arrumaram a alegria,
concentrados na chuva e no frio que fazia,
como se, em flocos, caísse uma nuvem de siso;
No guarda-chuva, dogma de fé, fizeram protector,
pouco importa se passa um qualquer farsante,
um vendedor do Borda d’Água, um talhante,
que “pique” o monstro, a solidão, esse Adamastor;
Nem as bolas azuis, no céu de esperança, deste Natal,
nem o “espírito” de Bocage, presente, junto ao café Nicola,
parecem fazer acordar a gente que passa, sem ligar “bola”,
caminham embrulhados com a chuva, não têm tempo, nem faz mal;
A rua está triste, está muda, só o bater das botas ecoa na calçada,
nem um som rogado de um pedinte se ouve: “uma moedinha senhor”,
nem uma concertina, nem uma trompete aquece o frio com calor,
como se o inverno fosse inimigo de quem precisa, fosse uma maçada;
No largo, o “mata-frades”, de costas para a heresia, parece escrever,
olha as nuvens negras, apreensivo, não sabemos bem acerca de quê,
vai passar ao papel, com a pena, talvez seja entendível para quem lê,
provavelmente, pensa na justiça, na insegurança, neste entreter;
A cidade, não dando nada, continua a ser a Meca da esperança,
centro de confluência, núcleo de atracção, entre rico e indigente,
todos abandonaram tudo pelo“eldorado”, miragem de tanta gente,
correm, na rua, não sabem porquê: é algo que não se alcança;
Secos de fé, não vêem o Natal, muito menos no menino, em essência,
autómatos, vão em frente, sem rumo, como caminheiro errante,
agora, nestes tempos, o seu “Deus” é económico, esse tratante,
não olham para Ele como salvador do espírito, é a sobrevivência.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Memória

Sem nunca esquecer as grandes divas e os grandes autores!

Ana Moura

A nova geração de fadistas!

Bons poemas, bons temas, arranjos cuidados... e fadistas bonitas!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Lance Armstrong na sua luta...

Lance Armstrong não se limitou a dizer que tinha uma doença e que essa era passível de ser superada... não se limitou depois de ter tido cancro ganhar 7 vezes o Tour de France, mais do que qualquer outra pessoa... este SENHOR, porque tem que ser escrito com todas as letras em maiúsculas... leva a sua luta personalizada na sua fundação LIVE STRONG a um nível nunca visto... utilizando o Youtube para publicitar (um meio que cada vez se vê que é indispensável para passar mensagens nos tempos de hoje), como vai voltar a correr não recebendo qualquer salário... e embora não vá correr o Tour de France para perder vai sobretudo para publicitar a sua fundação!!!!

Só nos resta transmitir a mensagem...


Boa sorte Lance, para o que espero que seja a 8ª vitória no Tour (embora não pense que será muito fácil)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

UMA VIDA QUE VAI MUITO ALÉM DE UM SÉCULO










Eram cerca de 13 horas. A longa e alva limusina estacionou à entrada do bonito pavilhão da aldeia de Barrô, ali, entre a Mealhada e o Luso. O “chouffeur”, equipado a preceito, largou o seu lugar de condutor e foi abrir a porta a uma linda senhora de olhos vivos e médios cabelos brancos.
Ao colocar lentamente o seu primeiro pé fora do automóvel de cerimónia, como estrela de Holiwood, as máquinas fotográficas, em flashes, não paravam de disparar, acompanhadas por uma extensíssima ovação de largas dezenas de pessoas. E o caso não era para menos, a linda senhora, de seu nome Lucília Dias Morais, ia ser homenageada pelo seu recente aniversário. Para isso até fora criada uma comissão de honra encarregue de toda a tramitação logística. Ali, naquele lindíssimo pavilhão, o orgulho dos habitantes de Barrô, ia ser prestada uma prova de admiração e reconhecimento. Admiração, pelo facto da D. Lucília ir soprar uma vela representativa dos seus cem anos de vida. Reconhecimento, pelo facto de ao longo de um século, numa vida entremeada entre o trabalho e a modéstia, ser uma pessoa boa, com um coração do tamanho de um abraço, que, apesar das suas poucas posses materiais, “matou a fome a muita gente da aldeia", diziam os convivas quase em coro.
Apesar da comparência do presidente da Câmara Municipal da Mealhada, Carlos Cabral, do presidente da Freguesia de Luso, Homero Serra, e do presidente da ACIM (Associação Comercial e Industrial da Mealhada), Carlos Pinheiro, que, num gesto bonito e solidário, não deixaram de estar presentes, havia, no entanto um “senão”, havia apenas fotógrafos, constituídos por amigos e familiares e pelos dois semanários da sede de Concelho: O “Jornal da Mealhada” e o “Mealhada Moderna”. Para além de terem sido convidados os dois jornais diários de Coimbra e um de projecção nacional, a RTP, a SIC e a TVI, nenhum destes órgãos de informação compareceu.
O “Zé” Maria “barbeiro”, o “cabeça” da comissão da festa, para que nada falhasse, um mês antes tinha vindo falar comigo para que eu providenciasse a ida dos “media” a Barrô. Chamando a mim esse encargo, quatro dias antes, telefonicamente, falei com quase todos. Só a dois enviei e-mail.
Quando se abriu a porta da limusina, o “Zé” Maria, vendo apenas flashes de fotografias e nenhuma câmara de filmar profissional, com uma cara de aflição, vira-se para mim e, numa interrogação de dor, exclamou: “Ó pá, a televisão?!”. Confesso que tive dificuldade em lhe mostrar que me empenhei, mas que não fui correspondido na minha solicitação.
A senhora Lucília deu entrada no salão, acompanhada pela Natália, a sua filha, pelos seus netos, o António Taveira, o meu companheiro de escola, que viera expressamente da Suíça, e que não via há mais de uma vintena de anos, a Maria Madalena que labuta no Luxemburgo e, tal como o irmão António, viera de propósito em honra da “melhor avó do mundo”, assim como a Isabel e a Ana Maria que, diariamente e habitualmente, como estão na aldeia, distribuem um beijo à sua avó, por acaso, a mais idosa da terra.
A senhora Lucília tem 6 netos, 16 bisnetos e 4 tetranetos.
Lá dentro, acompanhada pelos muitos amigos esperava-a um suculento repasto, muito saboroso e com bebidas à discrição. A senhora Lucília, como debutante, sempre a ser solicitada, parecia estar no seu mundo. Quando lhe perguntei o que achava daquela festa, na sua simplicidade, com uma lágrima a balouçar de emoção, respondeu: “muito lindo, eu não merecia esta festa, estão a ser bons demais para mim!”.
A meio da tarde, antes de apagar a vela, actuou o Rancho folclórico de S. João de Casal Comba, onde a “rapariga” centenária deu um “pezinho” de dança. Antes de cortar o bolo, foi lido um poema inédito em sua honra, com o título “Um século por uma vida”.
Durante a tarde e a entrar pela noite dentro a festa continuou abrilhantada pelo grupo musical “Magda Sofia”.
Quase no fim, o meu amigo “Zé” Maria, já mais confortado pelo óptimo desempenho da comissão de honra e agora já mais resignado pela falta da televisão, atirou-me: “ó pá!, não levámos Barrô ao mundo, mas provámos que, na alegria e na partilha, o mundo está aqui!”.

VALE A PENA RECORDAR


MANUELA, CUIDADO…

Manuela, se tu fores ao baile, em vez de xaile, leva armadura. Não te deixes endeusar, com quem te quer adular, eles só te querem tramar. Não te julgues cinderela, muito menos igual a ela, tu és pessoa real. Não te julgues Nossa Senhora, muito menos pecadora, tem cuidado Manuela. Tu estás num ninho de cobras, onde já não sobram sobras, muito menos mais para ti. Aqueles que erguem o teu andor, que se ajoelham e apregoam amor, serão os teus próximos verdugos. Procedem como texugos, burgueses “egocentristas”, que o que têm mais é lábia.
Manuela, não te deixes seduzir, tu sempre foste sábia, escorraça esses traidores. Vira-lhes o cu Manuela, eles não têm amores, a não ser ao interesse. Tu sabes daquilo que falo, como se eu conhecesse a sua imensa lata. Segue em frente Manuela, tu és Social-Democrata, não és a Virgem Maria. Eles só te querem lixar, não querem a democracia, querem unicamente poder. Vai por mim Manuela, manda-os mas é…coser as calças do seu avô. Quando eles te abraçarem, grita alto, xô, xô!!
Se fores à festa Manuela, não abraces os barões, dá-lhes um pontapé nas partes pudibundas, e manda-os para os “tralhões”.

(EM 29 DE ABRIL ESCREVI ESTE TEXTO NO MEU BLOGUE (www.questoesnacionais.blogspot.com). DESCULPEM LÁ ESTAR A AUTO-CITAR-ME MAS ATÉ PODE DAR JEITO. É FÁCIL DE VER, COMO COMERCIANTE, PROVAVELMENTE, NÃO TEREI FUTURO; COMO ESCRITOR, IDEM ASPAS; COMO POLÍTICO, UMA DESGRAÇA. POR AQUI JÁ ESTÃO A VER A COISA, NÃO ESTÃO? POIS É! JÁ ESTOU A PREPARAR O CAMINHO PARA MONTAR UM CONSULTÓRIO DE PRESCIÊNCIA (ADIVINHAÇÃO). AFINAL NEM SOU O PRIMEIRO, BASTA LEMBRARMO-NOS DA ALEXANDRA SOLNADO E DA FLORBELA QUEIRÓS. OU, POR EXEMPLO, DO PROFESSOR BAMBO. A VIDA ESTÁ MESMO DIFÍCIL!)

MOINHOS DO DISTRITO DE AVEIRO


sábado, 22 de novembro de 2008

Luz ao fundo do túnel


Pedro Machado ganhou as eleições para a Comissão Política Distrital do PSD de Coimbra.
Será um sinal para a Região de Turismo do Centro?

UM SÉCULO POR UMA VIDA





Corria o ano de mil novecentos e oito,
na aldeia de Barrô,
um casal, alto, gritou,
o homem estava afoito;
Em Novembro a mulher gemia,
o homem não parava,
a parteira conciliava,
uma criança nascia;
Depois foi o baptizado,
crescer na indiferença,
onde a fome sem licença
entrava em qualquer lado;
De criança até mulher,
foi como um raio solar,
uma aragem a soprar,
a guerra que se não quer;
Era o orgulho da família,
uma rosa perfumada,
seguida por tudo e nada,
assim era a Lucília;
Chamavam-lhe “malhadiça”,
por saber o que queria,
em conversa ela não ia,
foi escolher à Vacariça;
Tinha então vinte e tal mais,
era recto como um fuso,
casou então no Luso,
nos braços de José Morais;
Amava-o perdidamente,
três filhos pariu na vida,
um deles foi de partida,
dois ficaram para semente;
Veio uma outra guerra do mar,
notícias para esquecer,
quase dava para morrer,
mas era preciso lutar;
Sem medo foi à aventura,
na procura timoneira,
foi mãe, foi cozinheira,
na miséria e na fartura;
Conheceu a democracia,
a empalhar um garrafão,
ainda tem na mesma mão,
os calos da utopia;
No século que ainda a choca,
olha todos a troçar,
até parece adivinhar,
a inveja que provoca.
.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Infelizmente não me surpreende!



"A Livraria Byblos, a maior do país, inaugurada há um ano em Lisboa, encontra-se esta quinta-feira encerrada sem qualquer justificação aos clientes que se dirigirem às suas instalações, nas Amoreiras."



In Jornal de Notícias

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

PARABÉNS A VOCÊ: UM SÉCULO DE VIDA





Corria o mês de Novembro do ano de 1908, quando a aldeia de Barrô, entre a Mealhada e o Luso, foi acordada por um grito estridente de um recém-nascido. A parteira, com as mãos ensanguentadas, grita para o pai, ansioso e alagado em suores, do novo ser nascente: “é menina, é menina!”
Acabava de vir ao mundo uma mulher que nascera no mesmo ano, em que se dera o Regicídio, em Fevereiro, com a morte do Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe, constituindo este atentado o estertor de um sistema fragilizado e caduco pela ostentação de uma classe burguesa insensível, em desfavorecimento maioritário de um povo triste e sofredor. Cairia decrépito em 5 de Outubro de 1910 com a implantação da República.
Esta mulher, concebida nos planos do Regicídio, seria baptizada com o nome de Lucília Dias. Atravessou a 1ª Grande Guerra, de 1914 a 1918, e sofreu na pele, através da fome e da carência de bens alimentares, as primeiras turbulências do novo regime político republicano.
No ano de 1929, com o mundo financeiro a abanar, através do crash das bolsas mundiais e que daria origem à grande depressão, na igreja de Luso, com convicção firme, dava o “sim” a José Morais, “o homem mais pobre que havia na Vacariça” (uma aldeia próxima), segundo as suas palavras. Em 1939, quando estala a 2ª Guerra Mundial, Lucília já tinha três filhos, duas raparigas e um rapaz. Uma delas morreu precocemente de uma doença rara que não lembra.
Lucília sempre foi uma mulher de armas feitas pela sua vontade férrea e indomável. Punha as mãos ao trabalho como qualquer um ao lazer. Tanto trabalhava no campo, como em limpezas, em várias casas. Mas havia um talento que viria a marcar muita gente da freguesia de Luso: Lucília era uma boa cozinheira. Lembra-se que cozinhou em muitas casas, fez muitas festas, muitos casamentos, e até chegou a ir, durante muitos anos, no verão, em colónias de férias, do dr. Artur Navega, da Mealhada, que, através de uma mulher de Barrô, a senhora Preciosa, levava as crianças mais pobres do concelho para a praia da Figueira da Foz.
Quando estalou a Revolução de Abril em Portugal, em 1974, Lucília estava, juntamente com a sua filha Natália, a empalhar garrafas e garrafões para várias grandes Caves Vinícolas da região bairradina, como por exemplo as Caves Messias. Trabalhavam na sua oficina cerca de 24 pessoas. Hoje só a sua Natália continua, como ícone, a mostrar uma arte em total desaparecimento.
Se por um lado guarda saudades desse tempo, por outro prefere os nossos dias. “isto hoje é uma maravilha, nem vocês sabem quanto!”, atira-me à queima-roupa, no meio de um sorriso escancarado de matreirice, com um brilhozinho nos olhos, intervalado com uma palavra obscena, tão apropriadas e ditas com a mesma naturalidade com que se diz “bom-dia!”.
Mas lembrando os tempos passados, endurecendo as linhas do rosto, referindo-se ao povo da aldeia, exclama: “é uma gente de merda, mesquinha, não valem nada!”
“Vê lá bem, continua a minha querida conterrânea Lucília, com a voz embargada pela dor, que há mais de 30 anos, quando eu mudei da religião Católica para os Evangélicos, praticamente toda aldeia deixou de me falar. Desprezaram-me completamente. Passavam por mim na rua e era como se eu fosse um cão. Um dia, já o meu querido “Zé Morais tinha morrido -o meu homem-, para matar a fome aos meus filhos, fui a casa de um grande lavrador para me vender meio alqueire de milho, e sabes o que me respondeu a mulher do ricaço? Que fosse comprá-lo aos da minha religião. Somíticos de uma figa!” Exclama no meio de uma imprecação.
Continua a senhora Lucília, “mas olha, Deus não dorme –apontando com o dedo em riste para cima-, o tempo tudo cura. Acabaram todos por me virem pedir ajuda. Fui eu, sem vinganças ressabiadas, que lhes matei a fome. Acredita, dou-te a minha palavra”, profere esta frase, já no meio de um sorriso, novamente.
Pois é! Como já viram estas palavras são de uma anciã muito querida que fará hoje, dia 19 de Novembro, 100 anos. Sim, um século.
Mas se vissem a sua pele do rosto, parece que tem sete décadas. A sua lucidez é impressionante. É impossível não gostar desta mulher.

Saiu-lhe!!!



"Não sei se, a certa altura, não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois, então, venha a democracia"

Manuela Ferreira Leite

É preocupante ouvir nas ruas afirmações destas!

É dramático e revoltante ver a "líder" da oposição fazer estes comentários!

A má oposição dificulta o bom governo!

De pequenino é que se torce o pepino!!


"Há dezenas de escolas vazias, um pouco por todo o país. Os alunos estão em protesto contra o Estatuto do Aluno, nomeadamente quanto ao novo regime de faltas. O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, diz que os estudantes "estão a ser manipulados"."




Pelas nossas escolas também as crianças do 5º e 6º ano fizeram greve!!!

Certamente também teriam arremessado ovos se a ministra visita-se o nosso concelho! Tudo isto no exercício da mais nobre democracia que a sua aprimorada consciência política lhes impõe!

É bom saber que as novas gerações estão no bom caminho da participação activa nas questões e decisões do país! Tudo isto será certamente resultado da isenta e desinteressada chamada de atenção por parte dos seus professores!



PS: Agora que penso nisto ficaram-me umas perguntas:

Quem terá pago os ovos e os cartazes????

Onde estavam os pais, professores e auxiliares quando estes alunos insultavam gratuitamente uma pessoa? Será que, por lhes dar jeito, se demitem de educar as nossas crianças?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O EXERCÍCIO DA DEMOCRACIA NO INTERIOR




“PSD/MEALHADA RETIRA CONFIANÇA POLÍTICA A DOIS VEREADORES”
“Alegando quebra de “solidariedade e lealdade políticas” o PSD/Mealhada anunciou a retirada de confiança política aos vereadores Carlos Marques e Gonçalo Breda” –Título e subtítulo do Diário de Coimbra (DC), de hoje, 18 de Novembro.

“Uma semana depois de já ter dado a entender que isso ia acontecer, a comissão política do PSD/Mealhada confirmou ontem a retirada de confiança política aos vereadores Carlos Marques e Gonçalo Breda Marques. Tudo por causa do caso “relatório José Calhoa”.
“Não existiu respeito, lealdade e solidariedade destes dois vereadores do PSD neste caso concreto”, referiu António Miguel, dirigente do PSD, ontem em conferência de imprensa. Explicando a situação, César Carvalheira, presidente do partido, deu conta que a Concelhia elaborou um relatório, que os vereadores apresentaram em reunião de câmara, onde o partido mostrava dúvidas nos negócios entre a autarquia e uma empresa propriedade do sogro do vereador socialista José Calhoa, e anunciando que iriam participar a situação à IGAL. “Não se revelaram solidários com o referido relatório, como tal não podemos manter a confiança política nestes vereadores, sublinhou” (César Carvalheira, aos jornalistas do DC).
Continuando a citar o jornal, Gonçalo Breda afirmou desconhecer o relatório em questão. Quanto ao vereador Carlos Marques diz o seguinte: “Respeito a decisão mas não a entendo (…) não encontro qualquer fundamento nessa decisão, porque sempre disse qual a minha posição no caso Calhoa ao presidente do partido, ao dizer-lhe que não partilho muito desta forma de fazer política, baseada na suspeição”.
Vamos por partes, começando por analisar o “Dossier Calhoa”. Recorrendo à leitura da acta nº 19, de 23 de Outubro, da reunião ordinária da Câmara Municipal da Mealhada, ficamos a saber que nesta sessão, dos três vereadores do PSD, estavam apenas dois, curiosamente, os suspensos da confiança política do partido, Gonçalo Breda e Carlos Marques. O terceiro vereador eleito, João Fernando Pires, nesta reunião do executivo, já não compareceu por ter apresentado um requerimento a solicitar a suspensão de mandato por 75 dias.
O vereador Carlos Marques apresentou um “relatório elaborado em conjunto com o partido que representa (PSD) sobre a existência de um eventual conflito de interesses entre as funções públicas desempenhadas pelo vereador Calhoa Morais e as que exerce na empresa fornecedora da Câmara, Fausto das Neves Carrilho”. Antes de passar à sua leitura “frisou não se rever no conteúdo do referido documento”.
O relatório apresentado pelo PSD, apelidado de “Dossier Calhoa”, no executivo camarário, e enviado à IGAL, Inspecção da Administração Local, é um extenso documento de várias páginas onde o partido Social-democrata expõe as suas razões, por si, consideradas conflituais entre interesses, privado e público, do vereador Calhoa.
Continuando a citar o relatório, o vereador Calhoa, eleito pelo Partido Socialista em 2005, exerce o seu mandato na Câmara da Mealhada a meio-tempo. A outra metade da sua ocupação é desempenhada profissionalmente na firma do sogro, que -e aqui reside o busílis da questão- é fornecedor da autarquia. Salienta-se que já o era no anterior triénio de 2003 a 2005. Acresce, segundo a óptica do PSD, e com provas apresentadas, solicitadas ao executivo de Carlos Cabral, presidente da Câmara Municipal, que neste período o montante dos fornecimentos foi de 8.159.08 euros. De 2006 até 26-08-2008 a conta-corrente da entidade fornecedora Fausto das Neves Carrilho Unipessoal, Lª era agora de 39.335.62 euros. Ou seja, segundo o documento apresentado pelo PSD, neste período, depois de ter sido eleito, em que o vereador a tempo parcial, e também assalariado pela firma citada, desempenhou as duas funções, houve um aumento de 482.10%. “Será fruto duma mera coincidência ou dum grande incremento das obras no município. Qual a resposta?” –interrogava o partido Social Democrata, pela boca de Carlos Marques, vereador daquele partido, na reunião do executivo.
Depois desta explanação vamos às interrogações. Pode o PSD, enquanto oposição na autarquia, pôr em dúvida esta distorção de valores? Pode e deve. Se tem razão ou não, isso é outro assunto. Apreciar o documento, julgar e sentenciar, dentro do procedimento administrativo, já é da competência de instâncias superiores criadas para o efeito dentro da Administração Pública. E, quanto a mim, não me parece que o facto de um partido da oposição pedir uma sindicância aos actos de um vereador em exercício, mesmo em “part-time”, signifique que o partido da governação considere indigno este procedimento e “ser uma maneira baixa de fazer política”. Qualquer membro do executivo deve saber que a qualquer momento, pode ser questionado, e escrutinado nos seus actos, enquanto administrador da res publica, pela oposição.
Passando ao facto do vereador Carlos Marques, antes de ler o documento, quase em nota de rodapé, sublinhar que não se revia no documento, quanto a mim, se, atempadamente, o manifestou ao presidente do partido, é legítimo lavrar em acta aquele desabafo.
Quanto ao vereador Breda Marques não se entende muito bem como é que afirma “desconhecer o documento”. Se desconhecia um relatório vindo do seu partido, significa que não está a desempenhar as suas funções públicas com a dedicação e entrega que se comprometeu a quem depositou nele a sua confiança, neste caso os eleitores que lhe deram o voto.
No tocante aos dirigentes do PSD, só posso lamentar a sua actuação. Quando é que os órgãos dirigentes partidários reconhecem os seus membros eleitos como pessoas pensantes, que podem e devem discordar das ordens recebidas, sobretudo, quando vão contra os seus imperativos de consciência? Porque é que, no caso da Mealhada, no lugar dos seus vereadores, estes dirigentes do PSD, não colocam computadores a quem, duma forma irracional, amestrada e fria, dão ordens para cumprir sem que estes as tenham de questionar?
Para mim, no meio desta inépcia e desvario total, tanto da oposição como do executivo de Carlos Cabral, apesar de meio perdido na confusão, o único que merece relevo, pelo seu sentido de missão, será Carlos Marques que, mesmo contra o seu conteúdo, assinou o documento. Caso contrário não seria possível apresentá-lo na sessão.
Quanto ao executivo de Carlos Cabral, enquanto gestor local eleito, parece esquecer que a qualquer momento pode ser examinado, tal como a mulher de César, mesmo parecendo, é preciso provar que é séria.
Termino parafraseando uma frase curiosa do documento emanado do Partido Social-Democrata mealhadense: “Obviamente não cabe ao PSD julgar as pessoas e os actos, cabendo-lhe somente alertar publicamente para as dúvidas que determinados actos provocam”.
Bem prega frei Tomás! Como explica a retirada de confiança política aos dois vereadores? Como “expilica”?!

domingo, 16 de novembro de 2008

Merecida homenagem a Maestro Joaquim Pleno, nome maior da música da nossa região que dedicou a sua vida à formação de inúmeras gerações de músicos e homens!

Com os olhos no futuro!


"Criada há vários anos, a EPVL tem desenvolvido esforços para acompanhar e satisfazer as necessidades do mercado de trabalho. Os cursos ministrados são ajustados à realidade e novos vão surgindo. Termalismo foi o que curso que se iniciou este ano."

In Diário As Beiras


Não é limpa mas é barata!


"A empresa Dourogás e a universidade de Vila Real vão dar início à construção da primeira central de biometano no país, um substituto do gás natural em todas as suas aplicações, anunciou fonte da academia transmontana.


...


O biometano é o resultado da limpeza e purificação do biogás, produzido em estações de tratamento de águas residuais, aterros sanitários ou resíduos pecuários, podendo substituir o gás natural tradicional em todas as suas aplicações."




Boa colaboração entre empresas e instituições de Ensino Superior!

É este o caminho!


Mas atenção que esta não é uma "energia limpa"!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

QUE JUVENTUDE QUEREMOS?





Esta interrogação, que de milénio em milénio, continua e continuará sem resposta para os presentes e para os nossos descendentes. Com a responsabilidade a girar entre três pólos triangulares, Família, Estado e Sociedade, esta questão tem vindo a prolongar-se ao longo dos séculos.
Sócrates, filósofo ateniense, quinhentos anos antes de Cristo, na sua imensa sabedoria, afirmava que a excelência moral era uma questão de inspiração e não do parentesco familiar. Segundo este fundador da filosofia ocidental, por mais moralmente perfeitos que fossem os pais podiam não ter filhos semelhantes aos seus atributos morais e éticos.
Já no tocante à responsabilidade do Estado na formação educacional dos jovens, poderemos começar em Esparta, também na Grécia antiga, entre cerca de sete e cinco séculos antes de Cristo. O governo espartano tinha como objecto fazer dos seus cidadãos modelos de homens. Como soldados deveriam ser bem treinados fisicamente, onde a coragem predominasse, e, para além disso, deveriam ser obedientes às leis e à autoridade. A disciplina era condição “sine qua non” para ser bom cidadão, onde os seus direitos políticos, a sua intervenção na vida pública, dependiam directamente do seu “modus vivendi” disciplinar em sociedade.
As influências da sociedade na educação tomaram um novo rumo, passando a ser “caso de estudo” continuado, sobretudo a partir do Iluminismo francês, no século XVIII, nas questiúnculas travadas entre o genebrino, de antepassados franceses, Jaques Rosseau (1712-1778) e o Inglês Thomas Hobbes (1588-1679), no dissecar do empirismo materialista, na procura e defesa do culto da razão. O primeiro defendia que, nascendo puro e bom, o homem, na luta e procura obsessiva pelo interesse pessoal, era corrompido pela sociedade, que, trazendo ao de cima a sua competitividade animal, o embrutecia e o tornava cruel e mau.
Por seu lado, Hobbes acreditava que o homem, genético-hereditariamente, nascia mau. Na sua crueldade, “o homem chegava a ser lobo do homem”, onde prevaleciam os seus maus-instintos irracionais. Ao soberano (um século depois, Estado-Nação) a quem deveria deter todo o poder absoluto e centralizado, cabia-lhe, através da força normativa, “domar” os seus instintos e fazer dele um ser sociável.
A partir da Revolução Francesa, de 1789, no âmbito da “doutrina” iluminista, até ao primeiro quartel do século XX, a educação do homem assentou no sistema de pensamento da igualdade e liberdade, à luz da razão, seguindo a filosofia de Descartes, “pai” do racionalismo da Idade Moderna, e rompe quase com os princípios teocráticos.
A partir de 1922, com a subida de Mussolini ao poder em Itália, a Europa, exceptuando a URSS, através da sua revolução Bolchevique de 1917, inicia um movimento de corte em oposição ao liberalismo, ao socialismos e a qualquer forma de governo democrático: o fascismo.
Como num eterno retorno, a filosofia deste movimento, para além de outras, assenta num novo triunvirato: Pátria, Deus, Família. É ao Estado que compete a direcção de todas as actividades da nação. A educação, ainda que fortemente elitista, manipulada e inquinada com o sistema vigente, como baluarte da outrora disciplina espartana, é o “primus-inter-primus” do novo regime ditatorial que atravessa a Europa a seguir à primeira Grande Guerra, a depressão de 1929, e que, com o armistício da Segunda, alguns claudicam, nomeadamente Itália e Alemanha.
Por volta do terceiro quartel do século passado, com o cair de vários regimes autoritários, na Europa, entre eles Portugal, Conquista-se a democracia. Ou seja, envereda-se por uma nova forma de neo-iluminismo, um novo liberalismo, assente no individualismo, na igualdade de oportunidades, na laicidade dos Estados e…na economia de mercado.
Abandona-se a educação, enquanto premissa fundamental de uma Nação de direito, num mar de políticas ao sabor dos ventos e marés. O Estado, mais preocupado com direitos, liberdades e garantias e, sobretudo com a democratização de livre-acesso de todos ao ensino, básico e secundário, escamoteia as linhas mestras dessa mesma educação. Ao longo de mais de três décadas, num desnorte, aposta tudo na generalidade do conhecimento e saber intelectual dos alunos, em detrimento do adquirir saber na área profissional e, naquilo que é mais importante: a sua formação educacional e cívica, enquanto futuros cidadãos na sua correlação em sociedade.
Por outro lado, por incrível que pareça, vão-se arrogando direitos e mais direitos –sem a proporcional obrigação- aos filhos e alunos menores. Por antítese, vão-se derrogando (suprimindo) direitos aos pais e professores. E, para mais incrível ainda, aumentam-se-lhes as suas obrigações. Quase como uma paródia social, assistimos a miúdos, de menos de uma dezena de anos de idade, a ameaçar os pais de queixa à linha azul da protecção de menores. Nas escolas, como todos assistimos, vimos professores a serem agredidos física e verbalmente sem que nada, ou quase nada, para além da participação judicial, possam fazer.
Em conclusão, à pergunta “que juventude queremos?”, deixo a resposta a cada um que chegou até aqui.
Limitei-me a ir lá ao “fundo”, à história, para melhor se entender, depois, aparentemente, sem formar juízos de valor, tentei indicar as linhas condutoras que, quanto a mim, desde há mais de três décadas, através das políticas educacionais emanadas do Ministério da Educação, conduziram à juventude que temos.
Esta juventude, de hoje, é boa, é má, é melhor que a anterior, será pior do que a que esperamos no futuro? Não sei! Não escrevi este texto para dar respostas concretas.
Se ajudar alguma coisa, posso afirmar que estas questões, de que esta descendência actual é muito pior do que as ascendentes anteriores, em contínuo conflito de gerações, já vem sendo desvalorizadas desde o tempo de Sócrates, o “outro”, o filósofo, que existiu cinco séculos antes de Cristo.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A FESTA DE VÁRZEAS



(FOTOS DO BLOGUE ADELO.BLOGSPOT.COM)


No domingo, dia 9 de Novembro, celebrou-se em Várzeas a festa anual de Nossa Senhora da Piedade. Com a eucaristia a começar às 15,30, seguiu-se uma hora depois a procissão em honra da sua veneranda padroeira. Durante mais de uma hora, ao som, bem ritmado “de marcha”, dos metais, da banda musical de Penacova, a comitiva religiosa percorreu a pequena aldeia que, como em prece, se ajoelha e presta vassalagem ao seu amor de sempre: a sua Vila de Luso.
Seguir esta cerimónia religiosa, foi como nos sentíssemos actores no recente filme de Miguel Gomes, “Aquele querido mês de Agosto”, que, de forma exemplar, mostra as tradições religiosas e “paganísticas” no interior de Portugal, com todas as suas fraquezas e importância cultural para as pequenas aldeias.
Foi lindo ver as janelas enfeitadas com flores e as antigas colchas de seda a marcarem a tradição. Foi bonito de ver pessoas a cumprimentarem-se, algumas delas, que já não se viam há várias décadas. “Tu és mesmo o “tonito”, aquele puto que andava por aí? És mesmo tu? Dá cá um abraço pá!”, reclamava o Carlos “Sonaio” a um amigo que já mal lembrava as feições.
Junto a mim, a senhora Maria, com o rosto traçado pelas rugas do tempo, mas cujo brilho de contentamento parecia não ter idade, abraçada à Lurdes, quase chorava de felicidade por, neste dia tão importante para a aldeia, poder rever a velha amiga que viera de Lisboa.
À noite, no novo salão, ainda improvisado, em chapa, mas já com algumas boas condições, houve bailarico até às tantas. Como houvera já um grande baile no sábado à noite, onde não faltaram “cotas” e novos, este “excedente” só foi possível graças à boa vontade e generosidade de uma “filha da terra”, emigrante na Suíça, cujo anonimato se mantém a seu pedido, que se prontificou a assumir o seu custo.
Foi lindo de ver e sentir a alegria de todos os meus familiares, sobretudo o das minhas tias, Dorinda e Anunciação, em que me receberam de braços abertos naquela que foi, e é, a minha terra, a terra onde nasci e dei os primeiros passos.
O juiz da festa, o meu primo Fernando, sempre à altura de qualquer eventualidade, esteve como deve estar um “magistrado”, ou seja, pronto a julgar e ultrapassar qualquer questão de última hora.
Concluo, parafraseando Chico Buarque, e alterando a letra, aqui e ali, “sei que estiveste em festa, pá, fico contente! Por ter estado com a tua gente, a quem abracei alegremente…!”

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

CARTA A MEU PAI




Andámos toda a tua vida em guerra,
como vizinhos que discutem sem saberem porquê,
agridem-se, insultam-se como inimigos que nunca foram,
como dois alpinistas que escalam o seu orgulho e sobem a serra,
cada um, procurando mostrar ao outro que é o único que vê,
que é o único que sabe, dono da razão, mas, no fundo, que se adoram,
um desdenhando a argumentação do outro, a sua é a única verdade na terra,
dando exemplos dos ascendentes, bons, maus, dos muitos que se foram;
Passaste a tua vida, através de exemplos, tentando mostrar a tua razão,
muito te esforçavas, às vezes até choravas, por eu não entender,
eu, por minha vez, só para contrariar, mesmo que estivesses certo, dizia não,
achava que nunca iria ser como tu, jamais te iria compreender,
nunca iria repetir as tuas palavras, muito menos emendar a mão,
não faria os mesmo erros com os teus netos, ficasses tu a saber,
se acreditavas que iria repetir aquelas frases que atiravas ao meu irmão,
tira o “cavalinho da chuva”, eu sou muito melhor do que tu, podes crer;
Partiste, não disseste nada, não avisaste, nem um bilhete de despedida,
não deixaste objectos, nem ouro, nem prata, deixaste conflitos para resolver,
deixaste aquelas frases na minha memória, que tanto detestava, em testamento,
à medida que me aproximo da tua idade, sinto a minha arrogância, vejo a vida,
dou por mim a repetir as mesmas frases, os mesmos gestos, que jurava nunca dizer,
recebo do meu filho, o teu neto, a mesma resposta que te dava, avivando sofrimento,
tenho a certeza, agora, que estou a receber com juros como se curasse a tua ferida,
onde estiveres, certamente, estarás a rir-te da minha ingenuidade e do meu sofrer.

Buraka Som Sistema

Grande som!!

Musica electrónica de fusão!!

Da Buraca para o Mundo!

sábado, 8 de novembro de 2008

UMA MULHER QUE RI

(FOTO DO JORNAL PÚBLICO)


Esta mulher sorri abertamente,
como virgem, para o mundo que a quer ver,
parece feliz, com razões, muitas, certamente,
inconscientemente, como se não quisesse saber,
talvez tenha noção o quanto frustrou tanta gente;
Olhemos, atentamente, a aura e o seu sorriso,
talvez, pelo nome, Fátima, se julgue santa,
numa mistura de autismo e carência de siso,
onde a arrogância e a falta de vergonha é tanta,
que, para ridículo, talvez só lhe falte um guizo;
Será que ela troça do povo de Felgueiras?
que, num caciquismo pacóvio, a veneraram,
se ajoelharam, e a encheram de boas maneiras,
mesmo sabendo que “usados” quase acabaram,
por serem marionetas e a encheram de peneiras;
Esta mulher é um “caso de estudo” para a Sociologia,
onde impera a esperteza, a crendice e a vitimização,
num povo atrasado, ignorante, onde grassa a mitologia,
onde confundem as cunhas com a institucional obrigação,
crédulos, continuam a exigir justiça, sabendo que justos nunca serão;
“Considero-me limpa, Deus é grande, não fui condenada!”,
refere, em êxtase a mulher que ri, em dúvida de senilidade,
num caldo místico de guerrilheira, julga que foi inocentada,
coloca um grande problema filosófico à mentira e à verdade,
mais uma vez a justiça, através do subterfúgio, sai aldrabada;
Cícero, Platão, no seu sonho da República, devem estar desalentados,
nunca imaginaram que o seu, tanto defendido, sentido de justiça,
se perdesse, nos labirintos do “in dubio pro reu”, estarão desanimados,
na verdade, este Direito deixou de ser cimento, passou a ser caliça,
qualquer um acredita que este sistema judicial não serve, está falhado.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

UM CÃO A REFLECTIR

(CLIQUE EM CIMA DA IMAGEM PARA AMPLIAR)


O cão parece dormir,
num sono solto inocente,
parece que está a fingir,
como não sentisse a gente,
que o dono está a mentir;
“Ajudem o aleijadinho”,
repete o homem mil vezes,
quem passa diz “coitadinho”,
pensa o cão: ai portugueses!,
não vos custa o dinheirinho;
Mas o homem está a sorrir,
de toda a gente que passa,
parece até quase sentir,
a pena como desgraça,
da desgraça, parece rir;
E o cão, numa sesta de meio-dia,
vai ajudando o companheiro,
sentindo uma imensa alegria,
sempre que cai um dinheiro,
pisca um olho em fantasia;
O dono, com um braço deformado,
expõe-no, como obra de arte,
ali, no canto da rua, faz de aleijado,
quando conseguir a verba, parte,
vai cantarolar, parecendo consolado;
O cão, dividido, entre a arte e a fraqueza,
olha o dono, olha o “totó” caridoso,
dorme porque não tem a certeza,
qual deles é o mais manhoso,
nesta terra portuguesa.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Para ver e guardar na memória...

Mais um excelente discurso!!! Agora estamos para ver como são as acções

Porque é que isto não anda???!!!




Nos últimos dias temos assistido a uma acesa discussão acerca do futuro do Luso, nomeadamente da sua vertente turística, e se até à pouco tempo os tempos eram de esperança, com a criação de uma Entidade Regional de Turismo do Centro, actualmente reina a desilusão devido a ausência de Coimbra na dita entidade.

Concordo completamente com a visão de que uma Região de Turismo do Centro sem Coimbra (e sem Figueira da Foz, Cantanhede...) não faz sentido e está condenada ao fracasso mas esta situação está longe de ser para mim uma surpresa por duas razões que quero partilhar:
  1. Coimbra criou em 2007 a Empresa Municipal de Turismo que tem trabalhado com algum sucesso,logo, não me parece que Coimbra vá deitar esse investimento fora para se "subjugar" a uma entidade que não poderá "controlar" e que pouco ou nada irá acrescentar à visibilidade da cidade promovendo-a ao lado de algumas das suas principais concorrentes (atenção: não estou a afirmar que concordo com esta visão! Só estou a afirmar que ela existe!).

  2. Se as questões políticas são o impedimento(e espero que não), dificilmente se devem a lutas em PS e PSD mas sim a lutas internas do PSD! O presidente da dita entidade, Pedro Machado, é actualmente candidato à liderança da Distrital de Coimbra do PSD contra Marcelo Nuno que é apoiado por Carlos Encarnação, presidente da Câmara Municipal de Coimbra.

O futuro não é risonho para esta nova entidade! Arrisco-me a dizer que os anos de preparação e o dinheiro investido estão perdidos e não se avizinham soluções com as inerentes consequências para o turismo local!

No comments!!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

DIÁRIO DE UM DESEMPREGADO RECENTE




José, vamos chamar-lhe assim, trabalhou toda a vida no comércio dito tradicional. Apesar de parecer ter menos, tem 48 anos de idade. Começou cedo nas lides comerciais. Tinha então 13 anos. Ao longo de trinta e cinco anos de actividade laboral, apenas conheceu dois patrões. O primeiro, durante nove anos, foi o “Carlos Camiseiro”, ali na Praça Velha, em Coimbra. Nessa altura, até ao princípio de 1980, os mais velhos lembram-se deste grande comerciante que, para além de ter uma casa emblemática, era o grande financiador da então Académica, através de publicidade nas camisolas.
Como no início dessa década essa grande casa comercial foi vendida para outro grande comerciante. José, como bom elemento que era, um funcionário esforçado, daqueles cuja obrigação não depende do relógio, transitou imediatamente para o novo adquirente, onde esteve durante 26 anos de actividade ininterrupta.
Há dias a “sua” casa comercial encerrou. O seu segundo ninho, onde os sonhos soçobraram, afogando mil planos idealizados, perdidos pelos labirintos da vida, com a realidade a mostrar a sua frieza, como a dizer-lhe que a sorte de poder realizar as suas fantasias não é para todos. Para além do choque de ver fechado o seu horizonte da razão do seu viver, o objecto da sua rotina diária, o sol que vislumbrava ao fundo do longo caminho diário entre a sua casa familiar e o seu trabalho, muito mais ainda, para piorar, José, não recebeu os ordenados relativos ao último ano. Não é o único, diz-me com a voz embargada pela dor, também os seus restantes colegas diários de trabalho, para além da alma, lá deixaram o justo ressarcimento de um ano de entrega laboral a uma causa perdida. E das legítimas indemnizações, a mesma coisa, nem vê-las.
Hoje encontrei o meu amigo José, arqueado, de olheiras profundas, passo errante e arrastado pelas ruas da calçada. “Que vou fazer à puta da minha vida, Luís? Tenho a casa para pagar, a minha mulher ganha pouco, estou completamente endividado”-olhando os seus olhos macilentos, eu pressentia que a qualquer momento se iam inundar de lágrimas. “Eu não merecia isto, Luís! Dei a minha vida por aquela firma, e o que trouxe? Nada!, absolutamente nada!”, mostra-me as mãos estendidas em concha, como se eu não acreditasse e fosse necessário este gesto. Foi então que as lágrimas contidas, amarradas tão a custo, se desprenderam como águas libertas na brava cercania inclinada. E o José, homem maduro, ali à minha frente, chorou como uma criança desamparada de tudo e todos.
“O que mais me custa é acordar às 7.00 horas, como sempre fiz, e de repente, sinto uma dor, como um murro no estômago, percebo que não tenho para onde ir. Não tenho trabalho! Ao longo da minha vida, nunca tinha sentido esta sensação. É uma impressão de inutilidade, como se, de repente, me tornasse numa coisa imprestável. Nestes dois dias, em que estou desempregado, já fui a uma série de entrevistas de emprego. Sabes o que é entrar numa sala e estarem dezenas de pessoas à espera, como eu, sendo a maioria mais novos? Quando chega a minha vez de ser entrevistado, quando digo a minha idade de 48 anos, o meu jovem entrevistador, provavelmente psicólogo contratado pela empresa, engelha a cara sem disfarçar. Bem lhe tento dizer que sou “pau para toda a colher”, que já “comi as sopas que o diabo amassou”, que os horários para mim nunca contaram, mas aquele jovem, provavelmente recém-iniciado na vida, olha para mim como se eu fosse um bicho raro, com um olhar dividido entre o espanto e a comiseração, parecendo não acreditar. Ou então porque, aos candidatos anteriormente ouvidos, já “engoliu” esta história mil vezes. Já viste, Luís, para aquilo que uma pessoa estava guardado?!”, interroga-me o José, sabendo antecipadamente que não queria qualquer resposta.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pois é!!!

É sempre bom saber!!!
PS: Obrigado Jumento!!