segunda-feira, 29 de junho de 2009

Acelera!!!


Apesar dos azares e da falta de apoios os nosso conterrâneos Raul Aguiar e Pedro Cid insistem no "vício" dos ralis!
Gostava de vos fazer um relato preciso e exacto das participações e do evoluir dos trabalhos da equipa dos Burriqueiros mais rápidos do planeta mas por falta de conhecimento não consigo!! Fico à espera de uma colaboração!!


Ps: Há algum tempo que andava para falar sobre isto, especialmente depois de ler um post do Rodinhas mas hoje senti-me mesmo forçado! Infelizmente não consegui meter muito conteúdo e isto não passa de um convite graxista, descarado e até mesmo desavergonhado! Fico à espera de resposta!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

...e até deu para elas!!!


O Centro de Estágios do Luso vai ser palco, nos dias 20 e 21 de Junho, próximo sábado e domingo, de mais uma fase do estágio da Selecção Nacional de Rugby Feminino. A equipa de Rui Carvoeira regressa, assim, à vila do Luso para prosseguir o seu estágio de preparação para vários eventos internacionais, entre eles o Torneio de Mungia (País Basco), que se realiza este mês, e o Campeonato da Europa de Sevens (Alemanha), que decorre no mês de Julho.
Depois de ter estado a estagiar no Luso nos dias 23 e 24 de Maio, a Selecção Nacional de Rugby Feminino regressa a esta vila termal para mais uma fase do seu estágio de preparação para torneios internacionais. O objectivo da selecção, com a realização destes estágios, é sair da “cauda” do Top Ten Europeu, um lugar que, ainda assim, é de grande prestígio, tendo em conta o número reduzido de praticantes da modalidade que existe em Portugal e a falta de apoios a estes escalões, os ditos escalões de desenvolvimento.


Como se pode ver pelos 3 últimos posts nem tudo vai mal!! E com o poder económico do "desporto" (cada vez mais uma indústria!!) não será este um dos caminhos a seguir em força????

... para estes...


"Os atletas da Selecção Nacional Sénior Masculina de Hóquei em Patins iniciaram no passado dia 15 de Junho, no Pavilhão Municipal do Luso, o seu estágio de preparação para o 39º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins, que se realiza de 4 a 11 de Julho em Vigo, Espanha.
O estágio tem a duração de três semanas e por isso termina a 3 de Julho, dia em que a Selecção Nacional de Hóquei em Patins parte para Valença, onde ficará durante o Mundial. O primeiro jogo do Mundial de Vigo será diante dos Estados Unidos, a 5 de Julho, seguido do embate com o Chile, a 6 de Julho. O último jogo do grupo será diante da Argentina, a 7 de Julho."



In Jornal da Mealhada

Dá para estes...


"A Selecção Nacional Sénior Masculina de Basquetebol iniciou na passada segunda-feira, 22 de Junho, no concelho da Mealhada, o seu estágio de preparação para a fase de qualificação para o Eurobasket, na qual vai defrontar as Selecções da Bósnia e da Bélgica. A preparação da equipa portuguesa envolve ainda um jogo amigável com a Finlândia, que vai decorrer no dia 8 de Julho, pelas 18 horas, no Pavilhão Municipal do Luso.
A Selecção Nacional de Basquetebol começou hoje a preparar-se para várias competições de relevo que vão decorrer nos meses de Verão. A equipa portuguesa, que vai ficar no Luso até ao próximo dia 8 de Julho, escolheu o concelho da Mealhada para o seu estágio de preparação “pelas boas condições dos equipamentos desportivos e pelas facilidades proporcionadas pela Câmara Municipal da Mealhada”, informou Carlos Saldanha, do Departamento de Marketing, Comunicação e Eventos da Federação Portuguesa de Basquetebol."


terça-feira, 23 de junho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

DESPEDIDAS DO "BURRIQUEIRO", COM UM GRANDE ABRAÇO A TODOS





Este será o último “post” que coloco no “Burriqueiro”. Durante cerca de um ano, a convite do André Melo, quase em sintonia com o meu blogue “Questões Nacionais” eu escrevi aqui sobre temas diversos.
Quem leu este blogue ao longo deste tempo, certamente, viu que sou um pássaro esvoaçante que voo para qualquer lado, assim me dê na veneta. O único príncipio que me rege é o da responsabilidade. Tudo o que escrever deve ser com conhecimento profundo de causa. Sempre, quase sempre, antes de escrever vou ouvir as partes interessadas para que possa haver contraditório. Não sou jornalista, mas posso garantir que quase diria “usar” o mesmo Código Deontológico. Até porque, como se deve calcular, preciso de garantir não ser demandado judicialmente por difamação.
Agora na questão de convicções, quer sejam religiosas, políticas, futebolísticas, sociais, sexuais, posso garantir que sou mesmo uma alma perdida. Não me sinto preso a nenhuma. Dá-me gozo afrontar pensamentos únicos, conceitos apriorísticos, a tal norma a que chamam de “politicamente correcto”. Ninguém conte comigo para fazer frete a escrever. Tenho para mim que todos temos um talento consignado pela natureza (ou Deus, para quem acreditar), e, como tal, devemos usá-lo para o bem comum, nunca em sentido do próprio. E quando digo isto, quero dizer que, quem escreve, como messias, deve ter uma visão muito além do comum dos mortais. O que se escrever deve ser sempre no sentido da afronta (sem ofender) para que, no fim do texto, o leitor possa ficar a pensar. Pode até ser uma tese impossível, mas, se for bem argumentada, defendida, para que, quem lê, nem que seja por um minuto, pense: “este maluco, que não conheço, se calhar, até pode ter razão”.
São as teses contrárias ao nosso pensamento comum que nos transportam para um mundo diferente. Pode até chocar-nos, mas, depois do baque inicial, fica o tal valor residual que ou nos irrita mais, ou, pelo contrário, nos deixa de sorriso nos lábios.
Como disse, durante cerca de um ano, escrevi aqui no blogue “burriqueiro”, do Luso, que é a minha terra. Este é o último “post”. Queria agradecer àqueles que diariamente tiveram a pachorra de me lerem. Queria pedir desculpa “às famílias” que se sentiram ofendidas, sobretudo por este último o “E Deus Malhou-a Tanto, Tanto..”.
Saio sem ressentimentos. Aliás, como qualquer contrato, este era sempre de âmbito temporário.
Nunca me peçam para ser diferente. Escrevo o que me apetece, e conforme me dá na telha.
Tenho a certeza que alguns gostaram –nestas coisas, como em tudo, há sempre alguém que resiste-, e, para esses, convido-os a visitarem-me no meu blogue www.questoesnacionais.blogspot.com. Aqui, neste meu blogue serão sempre muito bem recebidos. Aliás, estou a pensar, se calhar, vou convidar uma moça que retenho na memória, apenas vestida com uma pequena tanga, para vos receber. Mas de uma maneira informal. Nada de cerimónias, entram e estejam à vontade, como se estivessem na vossa própria casa.
Um grande abraço e até um dia destes. Tenho a certeza que, de vez em quando, nos iremos encontrar na “Flor de Luso”.
LUIS FERNANDES

José Calvário




E por falar em "históricos"...
José Calvário é certamente um dos homens que, pela sua obra, da lei da morte se libertou!
Foi banda sonora de muitas histórias...

quarta-feira, 17 de junho de 2009



Ás vezes esquecemo-nos dos nossos "históricos"!! Não deviamos!
Grande espectáculo!!



Ps: O homem é um brincalhão!! Talvez venham daí os problemas com "falecida" PIDE! Parece que até teve um problema grande numa passagem pelo nosso Luso...

sábado, 13 de junho de 2009

HOJE É DIA DE FEIRAS NA ALTA





Há quanto tempo é que você não vai à Alta da cidade velha? Tanto tempo? Ai, alma de Deus!, você não larga esse maldito sofá e o raio da televisão.
Hoje você tem motivos de sobra para sair dessa saleta onde faz tudo a correr. Saia daí depressa. Pegue na cara-metade e rume à Baixa. Estacione no Parque do mercado municipal D. Pedro V –os primeiros 15 minutos são grátis. Suba as escadas, acompanhado da dona Efigénia, a sua mulher –ai não se chama assim? Desculpe, estou a ficar um bocado lerdo, é da idade- e entre no mercado municipal. Já lá está? Está admirado, pela sua expressão, vejo que não ia aí vai para largos anos. Vá com calma! Repare nas expressões das pessoas. Olhe aí, mesmo ao seu lado, sim, essa senhora. É a dona Guilhermina. Vende frutas no mercado há mais de trinta anos. Repare na fruta –é mesmo na fruta, homem. Fogo, você é maldoso! Coitada da dona Guilhermina, contrariamente à fruta viçosa que vende, está um pouco mirrada pelo tempo.
Continue a andar, tome atenção aos sons. Atente na vaga de fundo, própria dos mercados onde se negoceia. Há quanto tempo você não ouvia nada igual. Que pena que tenho de si, mas ainda vai a tempo. Continue em direcção à praça do peixe. Já lá está? Repare na construção em ferro, a fazer lembrar Eiffel, por volta de 1900. Veja se a dona Efigénia, a sua mulher está ao seu lado, não se distraia. Ela tem de sentir que é a razão da sua existência –faça o seguinte: quando sair daí, da venda do peixe, suba ao andar superior e ofereça-lhe uma rosa. Você ainda se lembra de ver uma mulher derreter-se à sua frente? Foi há muito tempo, eu sei, o tempo não perdoa.
Continuando, imagine-se uma máquina fotográfica, registe tudo na sua mente. Os sons, as expressões das pessoas, o brilho daquela sardinha. Veja bem. Linda, não é? A sua Efigénia está a comprar uma dúzia, está dizer-lhe que vai, amanhã, fazer uma sardinhada na varanda do seu T3.
Já compraram tudo? Gostou? Eu bem lhe dizia. É uma sensação única. E todos nós estamos a perder estas recordações. Mas você pode voltar. Não esqueça que o mercado está aberto todo o dia de sábado, em colaboração com a Baixa e com os comerciantes que aderiram a trabalhar todo o dia.
Vá pôr as compras no carro e venha a pé até à Praça 8 de Maio. Está a passar na Rua Martins de Carvalho (antiga Rua das Figueirinhas), sente-se a tristeza desta artéria, não é? É verdade, sim. As ruas, como nós, também têm sentimentos. Sofrem de solidão e abandono como nós humanos. Perguntava o que poderia fazer para ajudar? Olhe, é vir mais vezes à Baixa, passar nas ruas, como esta das Figueirinhas. Dê-lhe o calor dos seus passos. Faça-as sentir vivas e úteis.
Chegou à Praça 8 de Maio. Entre no Café Santa Cruz. Homem, feche essa boca. Parece um artolas que veio pela primeira vez à cidade. É lindo, não é? Vá lá ao fundo. Aprecie a exposição de pintura. Já viu? Agora, você e a Efigénia –desculpe tratá-la com este à-vontade-, sentem-se na esplanada e peçam ao senhor Costa –não sabe quem é? É o empregado de mesa e pintor de arte plástica- dois cafezinhos. Se pago eu? Caramba, você está a abusar de mim, mas está bem, eu pago. Diga ao senhor Costa que ponha na minha conta.
Estão sentados na esplanada? Inale o ambiente, com as pessoas a passarem à sua frente, em baixo na praça. Dá uma sensação de paz, não dá? Pois dá. É um espectáculo!
Agora, levante-se. Não apetece, pois não?! Mas tem de ser. Siga em direcção ao Largo da Portagem, subindo a Rua Visconde da Luz. Vá olhando as montras das Lojas –lindas, não são?-, não esqueça que estão abertas ao sábado todo o dia. Já está na Rua Ferreira Borges, está a passar em frente ao Café Nicola, agora, corte à esquerda, em direcção ao Arco de Almedina. Há tanto tempo que você não passava aqui. Quase que apetece as pedras milenares chorarem pelo seu abandono. Está admirado do bulício no Quebra-costas? É uma feira mensal que os comerciantes destas escadas de memória fazem para revitalizar o comércio local. Está lindo não está?
Suba as Escada de Quebra-Costas, em direcção ao largo da Sé Velha. Ena pá, tanta gente, parece você dizer. É a feira Medieval. É a 19ª realização da (agora) Fundação Inatel e da ADAAC, Associação para a Defesa da Alta de Coimbra. Parece que estamos na Idade Média, não é? Pois é. Olhe está a aproximar-se o “Bazilius”. Dê uma moeda ao mais famoso pedinte de Portugal. A sua caracterização e performance é plena. É um teatro vivo o desempenho deste homem simples.
Já agora, que estão no Largo da Sé Velha, entrem no Café Oásis e bebam uma água. Cumprimentem o Arsénio, o proprietário, que já faz parte da história deste mítico largo.
Para equilibrar, entre no Café Sé Velha. É o mais lindo espaço de tertúlia da Alta. Tenho grandes recordações neste café. Já lá fui muito feliz. Nem você imagina quanto. Dê um abraço meu ao senhor Abel. Aprecie aqueles bonitos painéis de azulejos pintados à mão de Coimbra antiga. Cada um deles tem uma gotícula de suor meu. Gosto muito deste café. Está lá uma parte da minha vida. Mas isso é outro assunto.
Gostou? Não precisa agradecer. Volte mais vezes. Tanta coisa linda nesta sua cidade e você a navegar na Internet e no “Nacional Geografic”. Se precisar de um cicerone é só dizer…

sexta-feira, 12 de junho de 2009

BAIXA: O SOL DA MEIA-NOITE (2)







Quem passa naquela rua e vê as “meninas” sentadas na soleira da porta da pensão, certamente, sobretudo se for um pouco pudico, pensa para si: que diabo, isto não deveria acontecer, para mais numa grande cidade. Que promiscuidade!
Mas, imagine, apesar de indignado, você é curioso e, para mais, antes de fazer um juízo de valor, embarcando no pensamento de todos, gosta de ir ao fundo das coisas, como quem diz, faz uma viajem até ao outro lado traseiro do espelho.
Então, pede licença às meninas para entrar, repara que elas olham para si com um misto de curiosidade. Parecem interrogar: é nosso cliente, não é? Pensam para si mesmas, ao mesmo tempo que puxam a camisola mais para baixo e deixam que você atire uma “pestanada” naqueles generosos seios. Por momentos, como contabilista de manga-de-alpaca, procura calcular quantas dezenas ou centenas de pares de mãos calejadas de homens ávidos teriam apalpado aquelas protuberâncias de carne já um pouco flácida.
Começa a subir os degraus da inóspita pensão. As suas narinas começam a ser invadidas por um odor algo fétido. Repara que as paredes, a desfazerem-se em pequenas lágrimas de pó, choram de vergonha pela falta de tinta. Os degraus em madeira, sob o seu peso, rangem, como se reclamassem da sua presença. Você vai vendo que o plástico, em forma de alcatifa, se foi rasgando e criou pequenas crateras, onde o sujo do tempo, calcado por mil pés populares se entranhou de tal forma na madeira que já não se sabe se onde pisamos é a verdade ou a mentira.
No andar de cima, pára para falar com o casal, dono da pensão. Ela, africana, em cruzamento com pai português. Terá talvez cerca de cinquenta e poucos anos. Apesar de o tempo e os seus imprevistos terem deixado marcas no seu rosto, nota-se, ainda é uma mulher bem parecida. Ele, talvez com mais de setenta, parece simpático. Apercebemo-nos da sua calma. Tudo indica que foi um homem que nasceu nos negócios lá para os lados de Angola.
Você começa por lhe perguntar se haverá algum quarto vago. Foi a forma que você engendrou para a sua pequena investigação. Enquanto está a conversar com o senhor Salgado –vamos chamar-lhe assim, o apelido pouco importa- você começa a ver subir imensas pessoas que conhece de vista, que todos os dias passam por si na rua. Interroga o senhor Salgado acerca destes seus hóspedes. “vivem aqui, a maioria é a Segurança Social que paga. Outros estão aqui a dormir sem pagar há vários anos, diz o gerente da pensão. Você estranha, e interroga, e então o senhor não faz nada? “Que hei-de fazer? Eles não têm para onde ir. Se saírem daqui vão para o meio da rua! Um deve-me mais de dois mil euros. Outro mais de mil, e outros muito mais. Que hei-de fazer?” Interroga o senhor Salgado, no meio de um sorriso de complacência. “Sabe, estou cansado, se pudesse entregava isto, mas hoje não há trespasses. Tive um AVC, Acidente Vascular Cerebral, há pouco tempo. Estou muito esquecido”. Entretanto, a conversa é interrompida por um homem atarracado, que você conhece da rua. Estendendo o braço, com uma nota de dez euros na mão, o homem estica-se todo e diz: “é para abater na minha conta, senhor Salgado!”
Entretanto, enquanto vai auscultando tudo o que o rodeia, como investigador do “bas-fond” de uma rua escura e de má fama, sobe uma “menina” com um seu cliente velho. Devem conhecer-se bem. Diz ela: “já há um tempito que não te vejo, amor. Tive tantas saudades tuas!”. O velho, com mais anos de solidão do que os que constam no bilhete de identidade, sorriu. Levantou os olhos para si, como se dissesse: “eu tenho alguém que gosta de mim. Ela preocupa-se comigo!”.
Lá acertam o preço do quarto com o senhor Salgado. É um preço irrisório, pensa você para si mesmo. Mas, afinal, o carinho e a afeição, ainda que fingidos em gritos rápidos de mulher da rua, não deveriam ter preço. Sobem os dois para um andar cimeiro.
Você despede-se do senhor Salgado. Enquanto desce os degraus, um a um, vai pensando como a realidade pode extrapolar a ficção. Para estas pessoas, este lugar perdido é o último sol da meia-noite, a última fresta de luz no universo perdido da grande cidade. Tantas vezes que você passou naquela rua cinzenta com nome de poeta morto e nunca imaginou a função social daquele albergue decrépito com o “logos” de pensão. Se esta casa malcheirosa, a cair de velha, encerrasse, para onde iriam viver aqueles, muitos desabrigados sem tecto? Para onde iriam as “meninas” com os seus velhos desamparados de afecto? Iriam para um a qualquer estrada? Para um qualquer pinhal?
Enquanto transpõe a ombreira da porta, mais enriquecido por ter ido ao teatro de guerra, uma pergunta sem resposta parece ribombar no seu cérebro: por quem os sinos dobram? Será pelos vivos, será pelos mortos? Ou, pelo contrário, nem por uns, nem por outros. Dobram simplesmente pelo toque de trindades?

GRIPE DOS ABADES -UMA NOVA PANDEMIA?




A Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um alerta mundial de pandemia de Gripe A e avisou para os riscos de uma segunda vaga. Para além disso, chamam a atenção para a probabilidade de 25% da população portuguesa poder vir a ser afectada pela doença.
Nestas coisas de pandemias, que me deixam sempre de “pé-atrás”, estou para elas exactamente como estou para as terapias africanas do professor Bambo. Pura e simplesmente não acredito nos seus efeitos.
Mesmo assim, para não ser tomado por sectário, fui para a rua entrevistar os anónimos passantes.
Olha, vai este mesmo, que homem giro e bem vestido, contorce-se todo a andar. Parece uma flor de lótus a ondular ao sabor do vento norte.
-Bom dia, o senhor desculpe, é para o blogue Questões Nacionais, estou a recolher opiniões acerca da declaração de pandemia de Gripe A e o alerta de que um quarto da população portuguesa corre sérios riscos, o que pensa o senhor?
-Ai filho!, claro que concordo –e começa a apertar-me as bochechas, mau-mau. É preciso fazer a prevenção. Mas há uma coisa, as vacinas devem ser ministradas em forma de supositório –e começa a puxar-me os cabelos do peito. Fosca-se, o raio do homem! Xô! Não quero ouvir mais nada…
Encontrei outra pessoa, vou interrogá-la acerca do que pensa. Pelo ar pesado, de samarra com gola de raposa, parece-me ser uma pessoa do campo.
O quê pandemia? O que é isso? O menino está a brincar comigo? Lá na minha terra, no Sabugueiro, ninguém adoece. Lá trabalha-se duro. Vocês aqui, citadinos de uma figa, que nem conhecem uma galinha, estão habituados à maladragem. Vão mas é trabalhar rafeiros…”
Fogo, tive de abandonar a criatura, se não, estava a ver que ainda comia pela medida grossa.
A seguir, ali junto ao Café Santa Cruz, encontrei o Almerindo Abrolhos. Para quem não conhece posso dizer que é um “coimbrinha” de gema. Astuto até à quinta casa, sabe tudo o que se passa por aqui. Pedi-lhe então uma opinião acerca da grande epidemia que, segundo a OMS, presumivelmente se abaterá sobre a terra de Camões.
-Ó meu, desculpa lá, mas não entendo este alarme todo. A Gripe A, mais conhecida pela Gripe dos Abades, já há muito que se abateu sobre os “portugas”. Como sabes, os sintomas são atípicos, mas têm entre eles uma certa convergência nos sinais de indolência, barriga a crescer para perto de nove meses, tendência para beber uns copos de bom vinho, abstracção de tudo o que o rodeia, sobretudo se for uma qualquer votação para um qualquer parlamento, gastar mais do que se ganha, e aproveitar um feriado e um dia-santo a meio da semana para ir até ao Algarve e não trabalhar mais durante a semanada.
Se só agora é que a OMS deu conta da Gripe do Abade, andam mesmo distraídos. Se aqui começou o mal, com jeititinho, pode ser que aqui também resida a cura. Remata assim o meu amigo Almerindo Abrolhos, deixando-me sem reacção e a pensar…

terça-feira, 9 de junho de 2009

CAVACO VETA MAIS UMA LEI

(FOTO SURRIPIADA AO SEMANÁRIO SOL ONLINE)


Ontem, de domingo para segunda-feira, eram para aí umas cinco horas da manhã, tocou o telemóvel. Era Aníbal Cavaco Silva. Como já é costume, “ó pá, desculpa estar a ligar-te agora, a esta hora, mas como estava sem sono, aproveitei para trabalhar. Estou a pensar em vetar a lei do financiamento dos partidos, o que achas?”
O que acham que lhe deveria responder? Claro que sim, senhor presidente, disse, ao mesmo tempo que dobrava a espinha até quase ao chão. Ainda tenho aqui umas “pontadas” que, quase de certeza, foi do esforço dispendido.
“Pois, ainda bem que concordas comigo, não posso tolerar esta rebaldaria. Isto é o cúmulo! Querem gastar à “tripa-farta”, sem controle. Já viste se eu promulgasse este aborto legislativo? O pessoal ia-me cair em cima. Nem quero pensar! Numa altura em que se pede contenção aos portugueses, estes gajos querem gastar à vontade. Onde é que isto já se viu?”
Coitado do presidente, senti mesmo que estava em baixo. Palavra de honra que se não estivesse tão longe tinha-lhe oferecido um ombro. Depois da vitória da Manuela, sempre supus que estivesse mais feliz. Certamente anda cansado e desanimado. Os seus amigos estão todos a tramá-lo. Como eu o compreendo. Juro pela minha avozinha que não queria estar no lugar dele. Farta-se de trabalhar e é mal pago. Preferia ir para deputado europeu, mal-por-mal…

segunda-feira, 8 de junho de 2009

ESTA IMPRENSA MALEDICENTE

("A ÚNICA COISA QUE ME RESTA É ESTA CANETA", DIZ O EX-MINISTRO DE CAVACO)


Eu embirro com esta imprensa que temos. Ou seja, que não temos, porque a que temos não serve. Vão desculpar que estou irritado. E não é por nada mas quando estou furibundo disparo em todas as direcções. Tanto me faz apanhar pela frente uma televisão, como um rádio ou até uma “catrafada” de jornais. É tudo a mesma porcaria. Fosca-se! Parecem os partidos que concorrem ao Parlamento Europeu. Querem é ser eleitos, e mais nada!
Vejam bem se não tenho razão para estar irritado. De manhã, noticiava o semanário “Sol”, citando outro jornal, o “24 horas”, de que ex-ministros ganhavam fortunas depois de terem saído do governo.
Claro que quando vi aquilo, num silolóquio –ah grande palavrão, desculpem lá mas como quero (queria) chegar a ministro tenho de usar palavras caras. Não sabem o quer dizer? Paciência. Eu também não! -dei por mim a falar sozinho, assim numa espécie de “diálogo” só comigo –estão a ver?. Ó Luís, tu és um doido! Então tu, meu artista, que te andas a perder nestes becos e ruelas sem sol da Baixa, não vês que o teu futuro é ser ministro, meu artolas, que já perdeste imenso tempo?!
Vai daí, comecei logo a fazer telefonemas –agora até uma boa altura, pensei cá com os meus botões. Ontem foram as eleições, e, de certeza absoluta, que falta sempre alguém para preencher um lugarzito lá na Europa de Bruxelas. Porque não é qualquer um que se sujeita a sair do rectângulo –deixando a mulher e os filhos, o cão, o gato, e até os galináceos- por causa de um ordenado “mixuruca” de mais ou menos vinte mil euros. Porra, só pessoas desapegadas dos bens materiais, com grande amor à causa pública é que se sujeitam a um ultraje destes. Claro que, conhecendo-me eu tão bem –sei do que sou capaz- vi logo que um altruísmo destes era genuinamente para mim.
Mas, qual quê? Está tudo cheio. Falei com todos os 22 deputados eleitos, e nada. A única que me deu alguma esperança foi a Ilda Figueiredo, mas foi avisando logo que se calhar o miserável ordenadito ia direitinho para o partido. Isso não! Gritei a plenos pulmões.
Liguei para o gabinete de José Sócrates, não consegui falar com ele. Disseram que hoje de manhã não foi trabalhar, que estava com umas encefalalgias terríveis –palavra que até fiquei com pena do senhor. O que lhe teria provocado estas terríveis dores de cabeça?
A seguir liguei para a Lapa, em Lisboa, e pedi para falar com a doutora Manuela Ferreira Leite. Também não estava. Irritei-me logo. Comecei a ver aqui logo coisa. Isto era complot para não me darem um lugarzito. “Que não senhor, que eu não ficasse com má impressão, que era mesmo verdade, a doutora passou a noite toda a fazer carantonhas à fotografia do Luís Filipe Menezes”, disseram-me do outro lado do fio. Que diabo!, mas por que seria? –interrogo eu, abismado com o comportamento disfuncional desta gente que nos desgoverna e pretensamente dizem querer governar.
Já sei! Disse eu para mim, no tal solilóquio, ligas ao Louçã, que, se não se conseguir nada, para já fica lá o nome. Qual quê?! Também não consegui falar com o líder da esquerda em bloco. Também não trabalhou de manhã. Disseram-me lá da sede de campanha que passou toda a noite ajoelhado a pedir ao Santo Condestável que elegesse o terceiro deputado. “Coitadinho do senhor professor! –disse-me a funcionária em lamento-, quando entrei ao serviço, estava a pobre alma com os joelhos em sangue. Chamei logo o 112”.
Fosca-se!, não me safo mesmo –continuava eu no meu solilóquio-, vou mas é ligar ao camarada Gerónimo. Como ele foi operário trabalhador como eu, certamente vai entender esta minha necessidade. Está bem, abelha. Também não foi trabalhar. Passou a noite toda a dançar, para comemorar a grande vitória da esquerda sobre o capitalismo, ao som da música do Quim Barreiros.
Ao Portas (do lado direito) já nem liguei. Adivinhei que estava também a comemorar a grande vitória sobre as sondagens, que o davam como extinto, coitadinho. Palavra de honra fiquei tão feliz pelo Paulinho.
Pensei, pensei, quem é que me falta ligar?! Ah, já sei! Vou ligar ao Barroso, pensei cá com os meus botões. Falei para o gabinete, lá de Bruxelas, e nada. Ninguém atendeu.
Bolas, para isto. Mas eu não sou de desistir (só às vezes, quando é preciso). Vou mas é ligar ao presidente Cavaco. Como deve estar contente pela vitória da Manuela, pode ser que “chova” qualquer coisinha. Qual quê?! Quando falei à assessora que precisava de um lugarzito, nem me deixou terminar a frase. Pumba! Desligou-me o telefone.
E então agora vou mostrar por que estou bera. Depois de tantos telefonemas inglórios, leio no “Correio da Manhã” que afinal Dias Loureiro, um ex-ministro, não tem bens penhoráveis. Só tem uma quotazita numa empresa em que é sócio.
Porra! Quem é que pode confiar nesta imprensa? Isto é mesmo só para enganar o povo. Lá tenho eu que continuar a cantar a canção do bandido para os poucos que acreditarem em mim. Fosca-se, para isto…

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ELEIÇÕES ELEVAM TEMPERATURAS NA MEALHADA




Tudo indica que os termómetros estão ao rubro na terra do leitão assado.
Folheando o Jornal da Mealhada desta semana deparamos com a “Deriva socialista na farsa do prolongamento”, onde o ex-vereador da cultura socialista Ferraz da Silva desanca fortemente no executivo de Cabral, o actual presidente e candidato a mais um mandato pelo PS nos próximos quatro anos.
A “Deriva” é tão acutilante e violenta que obrigou a uma nota de rodapé, no final do texto, a indicar que “O texto acima publicado é da exclusiva responsabilidade do seu autor”. Embora, penso que esta nota da redacção é completamente despicienda, uma vez que um órgão de informação que publicite um texto considerado pelo visado como instrumento de difamação responde solidariamente. Mas, enfim!, posso estar enganado.
Depois, sabe-se também que um movimento de cidadãos, ditos independentes, se perfila para apresentar uma lista alternativa na cidade, já nas próximas eleições, no mandato de 2009-2013.
Tudo indica que Carlos Cabral, amados por uns, odiado por outros, não gera consensos.
Aguardemos os movimentos das marés, os possíveis tornados que possam aparecer, e até onde chega a canícula. Perante o inferno que se avizinha, quem resiste às ondas de ambição deste oceano de protagonismo. Que ninguém culpe o buraco de Ozono pelas elevadas temperaturas até às eleições autárquicas, até porque, pela força das circunstâncias, devido à crise industrial, em consequência, os poluentes para atmosfera serão cada vez menos. É natural que a transpiração individual suba o mercúrio dos termómetros. Uns por que foram maltratados, outros por que precisam de um lugarzito melhor. Outros por que precisam de empregar um familiar, e outros, como eu, que precisam de um camarote de destaque.

Sabes onde fica a Rua Dr. Cid de Oliveira???






Vale a pena ver!

Agora é só explorar e actualizar!

Espero que não fique esquecido como outras funcionalidades e sites...


Ps: O Dr.Cid de Oliveira foi médico e editou inúmeras obras acerca dos benefícios das termas e em especial das Termas de Luso! Agradeço a quem tenha as ditas obras que escreva um postzinho...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A FRASE DO DIA...




Nos casamentos não se deve aconselhar noiva; em eleições não se deve aconselhar o voto. Como em ambos a possibilidade de sair frustrada a prospectiva é quase de 100 por cento, o melhor é escolher você.
Vá lá!, no casamento, e desde que seja à espanhola, ainda posso, quanto muito, ser o padrinho; nas eleições, a única coisa que lhe posso indicar como sugestão é que vá mesmo votar. Vote em quem bem entenda, mas vote mesmo! Não lave as mãos como Pilatos…

UM PAÍS ATRASADO E DOIS ALTER-EGOS




Na terça-feira o Diário de Coimbra (DC), em primeira página, contava que “Tribunal manda reabrir loja Erótica”. Contava então o DC que “Numa acção de fiscalização em cumprimento de uma ordem superior emanada a nível nacional e levada a cabo em vários pontos do país, inspectores da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) determinaram, no dia 20 de Fevereiro de 2009, o encerramento da “Playground-Wanna Play?” erotik shop, sita no centro comercial Gira-Solum, em Coimbra. Para legitimar a decisão, a ASAE argumentou com artigos presentes em dois decretos-lei que remontam ao longínquo ano de 1976.”
Continuando a citar o DC, Um “dos argumentos invocados pela ASAE era a presença, a escassos metros, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), fazendo uso do mesmo decreto nº 647/76, onde no seu artigo terceiro se lê que “os estabelecimentos de comércio de objectos ou meios de conteúdo pornográfico ou obsceno não poderão funcionar a menos de 300 metros de locais onde se pratique o culto de qualquer religião, de estabelecimentos de ensino, parques ou jardins infantis.
“Ontem, a juíza do 3º Juízo Criminal do Tribunal de Coimbra deu razão à proprietária da erotik shop ao confirmar que a ASAE não podia, nem tem poderes para fazer o que fez. (…)”, assim noticiava o DC este acontecimento.
Obviamente, porque apenas vou procurar incidir a minha análise sob o prisma social, não transcrevi alguns factos, embora sem relevância para o que pretendo defender. Também, e contrariamente ao que se possa pensar, não me vou debruçar sobre a intervenção da ASAE, e se a sua interpretação do citado diploma foi ou não a mais correcta. Para mim, isso aqui pouco conta.
O problema vem detrás. Muito detrás. Como se admite que leis que legislam sobre o costume continuem em vigor passados mais de trinta anos? A sociedade de hoje tem alguma coisa a ver com a de 1976, em que houvera dois anos apenas que saíramos de um regime autoritário?
Neste turbilhão de ventos de vontades, parece que temos três países distintos entre si a conviver hipocritamente numa amostra de nação sem ritmo em velocidade de desenvolvimento.
Metaforicamente, entremos nesta confederação de três países num só país. Comecemos pelo “país superdesenvolvido”, dos “jotas”: onde se ratifica, através da lei, a despenalização do aborto até às 10 semanas; onde temos uma lei vanguardista sobre a violência doméstica; onde está regulamentada a educação sexual nas escolas; onde está em estudo a legalização da eutanásia; onde está em curso a intoxicação da opinião pública para a distribuição gratuita de preservativos no ensino secundário; onde se pretende legalizar o casamento entre homossexuais.
A seguir temos o “país católico”, em que dizem professar esta religião mais de 90 por cento dos seus cidadãos maiores; é neste país irreal que, se dizendo laico, por causa de uma “catrafada” de “dias-santos”, numa economia deficiente como a que vivemos, ao longo do ano, se permite parar a quase cinquenta por cento; é aqui, neste reino de temor religioso, que se permite que uma actividade comercial, como a que cito no começo do texto, tenha de estar a mais de 300 metros de uma igreja ou estabelecimento de ensino.
Vem então o “país atrasado, hipócrita e falso-moralista”. Neste “país” fantástico, próprio das mil-e-uma-noites, do tempo dos califas, faz-se de conta que o tempo não corre, com leis como a que cito em cima, onde o sexo continua a ser tabu; onde, para adquirir um qualquer acessório de uso corrente na vida sexual, tem de ser às escondidas, pela calada da noite, pela internet, ou então numa loja, escondida num qualquer recanto escuro e nebuloso. Onde o cliente entra de óculos escuros, chapéu na cabeça, gabardina de gola levantada, e, a titubear, diz que foi um amigo que lhe pediu para comprar um vibrador; é neste “país surreal” que se pensa que a vendedora –normalmente, por acaso, só por acaso, brasileira- deve ser de outro planeta para estar ali a vender aquelas “badalhoquices” mas que a gente gosta tanto, e faz tanto jeito, de ter lá em casa –mas ninguém pode saber, caso contrário ainda nos rotulam de tarados; é neste “país de atrasados mentais” que se continua a permitir que a mulher se prostitua, sem dignidade, num qualquer pinhal à beira da estrada; é este “país medieval” que se opõe à legalização da prostituição; é este “país de faz-de-conta” que continua a permitir que os jovens adquiram drogas nas ruas, intensificando o tráfico, cortadas com substâncias tantas vezes mortais; é este “país subdesenvolvido” que se opõe que as drogas sejam vendidas em farmácias e com receita médica; é este país moralista que se opõe à legalização de bordéis e onde, livremente, se pratique “strip-tease” como coisa normalíssima, e onde se aceite a comunhão entre a arte, o porno e o erótico.
Por quantas mais décadas vai perdurar esta cumplicidade bacoca e pacóvia? Isso não sei. Mas o que posso dizer é que, socialmente, todos temos responsabilidades. Ninguém pode lavar as mãos como Pilatos, atirando a culpa para os nossos pais.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

BLOGUES COM CANCELA




Este blogue está aberto apenas a leitores convidados
Parece que não foi convidado para ler este blogue. Se pensa tratar-se de um erro, deverá contactar o autor do blogue e solicitar um convite.


Há pouco tentei aceder a um blogue. Para minha surpresa, recebi a nota que transcrevo. Bolas. Já tínhamos festas privadas, eventos oficiais de acesso restrito, só faltava mesmo a visita a blogues ser condicionada pelo convite. Até entendo, simplesmente, quanto a mim, deveria estar à porta uma secretária vestida a rigor –já agora, se não fosse considerado abuso, sugeria uma minissaia generosa e um decote até ao umbigo- para receber os pobres sem convite como eu.
É que não é por nada, uma pessoa fica com cara de parvo –quem não a tiver, obviamente. Em pensamento, somos assaltados pela dúvida: será por estar mal vestido? Será da falta de gel no cabelo? Ah…já sei, é das alpercatas, que apesar de as tentar engraxar bem, não consegue disfarçar os muitos quilómetros percorridos. É como a Efigénia, uma mocinha casadoira que conheço, coitadinha, ela bem se esforça para dissimular os apertos que tem levado por todos os homens lá da ruela esconsa onde moro. Ela compra cintas apertadíssimas, soutiens daqueles que elevam as mamas até à boca, meias apertadíssimas que mais parecem as caneleiras de guerra do tempo do Santo Condestável. Coitada! O que ela se esforça. Palavra de honra. Tenho tanta pena da Efigénia. Agora anda a pensar em fazer um “lifting”, diz que agora é rápido, sem intervenção cirúrgica, através de laiser. O problema é que não consegue patrocinadores. Os que usaram o produto, e deram cabo dele, agora, irresponsavelmente, fogem da pobre rapariga como se vissem o diabo. Depois é esta crise maldita que abafa tudo e põe tudo para baixo –até as mamas da Efigénia, coitadinha.
Calma! Eu bem sei que estava a falar de blogues e de repente passo para as mamas desta pobre alma que precisa de ajuda. Porque é que me dispersei? Sinceramente nem me lembro. Não devia ser nada importante…

terça-feira, 2 de junho de 2009

FRASES LAPIDARES




Hoje estive a conversar com uma pessoa –mulher, neste caso- que me atirou esta pérola: “eu sou uma intelectual, por isso, como estou acima do comum, eles que subam até mim!”.
Isto foi-me dito assim, sem mais nem menos. Normalmente, falando com os outros, vendo os seus deslizes, é que vejo as minhas idiotices. Ao apreciar os comportamentos gestuais e verbais, é como se estivesse a ver-me reflectido ao espelho. O problema é que tenho dificuldade em ser e tornar-me o oposto daquilo que normalmente critico.
Para me contentar, em acto de contrição, até digo: bolas! Mas eu nem sou nada como aquela fulana presunçosa, idiota e vaidosa. Mas será assim? Será que não tenho uns resquícios parecidos, e que, com o tempo, irei ficar assim ou pior? É que no caso em análise, a mulher tem mais de 60 anos. Embora ainda me faltem uns anitos, mas já vou a caminho. Depois, o que me deixa preocupado, é que a mulher escreve como eu. O quer dizer que não tenho salvação possível para entrar no reino dos humildes. Não sei se já alguém disse um dia –se não disse, digo eu-, que quem escreve –incluindo escritores, porque não é a mesma coisa- é naturalmente arrogante com quem o faz e não faz. Chegamos a sê-lo com “colegas” do mesmo ofício. Dizendo mal de A, B e C. Basta dar uma volta nos blogues. Não é só a ideologia, a política partidária, a religião (ou a falta dela) que estão em causa. É cada um que escreve sentir que está muito acima do outro. O outro é declaradamente, sob o prisma do seu conceito, um pateta. Deveria era estar quieto. Tem algum jeito continuar a escrever? E porque escreve ele? É viciado na escrita? “Vade rectro”, Satanás! Não pode ser boa peça, pensam em surdina. Esquecem que, enquanto humanos e rotineiros de hábitos, todos somos viciados em algo. Pode até ser na bica; no jornal diário; no café que diariamente frequentamos; na telenovela que seguimos diariamente; nas notícias que nos matraqueiam a mente com a crise internacional e aumenta a crispação com a cara-metade; naquele “tintolas” que abusamos ao jantar; aquele “charrozito” que descomplexa e faz voar; aquele filmezito pornográfico que, quando a “mais-que-tudo” já está dormir –porque ela não alinha nessas coisas-, nos excita e nos amanda naquela orgia louca e faz despertar a tal fantasia sexual que teima em nos matraquear a mente, e que nunca mais se realiza por causa do conservadorismo da Maria, que não vai lá com ramos de rosas, viagens prometidas às Bahamas ou até o tal cordão de ouro. O raio da mulher não descola. Teima em dizer que isso é imoral e pronto! Está dito!
Somos complicados com o “caraças”, não somos? Pois somos. E o problema é que temos de continuar humanos. Não há alternativa ou alternância. Fugi ao tema inicial? Se calhar dispersei-me mesmo. Mas que quer? Sou humano. Está tudo dito…

A DESORDEM DA ORDEM





Como se sabe, ontem, na RTP1, no programa “Prós e Contras”, houve um alargado debate em torno do Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto.
Ouvi, e vi, com atenção, na esperança de ficar mais esclarecido em relação à actuação do timoneiro dos causídicos. Confesso que se estava baralhado confuso fiquei. O que vi ali, como certamente outros se aperceberam, foi um “faroeste” num xerifado. Todos disparavam e se agrediam mutuamente, mas todos eram amigos, segundo diziam. Estranha amizade aquela. Advogados! Dirá você, num meio de um bocejo.
Que deve haver muitas maçãs podres no seio da classe também não fiquei com dúvidas. Que fiquei ainda mais confuso do que já estava em relação à personalidade de Marinho e Pinto também é verdade. Que deve ser uma pessoa de extrema sensibilidade não duvido. Que é bipolar –no sentido de actuar nos pólos, ou seja tão depressa dá a camisa como, em caso de refrega, pode desnudar o outro- tenho a certeza. Perante aquelas desoladoras imagens de desentendimento –afinal nem me deveria admirar. O que vimos ali é o que se passa em todos os sectores da sociedade, é o que se passa no país. É assim no funcionalismo público em geral, é assim nos sectores primário, secundário e terciário.
Aqui, no rectângulo “do todos reivindicam, todos têm um diagnóstico e sabem o que é preciso fazer”, mas depois a força esvai-se em discussões fúteis como a que assistimos ontem, com os interesses conflituantes de uns e de outros.
O bastonário, em metáfora, pareceu-me um transmontano -puro, sério e bom, embora truculento a lidar com os citadinos, hipócritas, interesseiros e imberbes- caído no meio de uma cidade cheia de burgueses cheios de vícios. Aliás, constatei isso quando ele, sozinho como Robin dos bosques, se insurgiu contra o tratamento preferencial –trata-se de dar preferência ao advogado num qualquer serviço público. É lógico que tem razão. Alguém numa fila gosta de se ver ultrapassado por outro qualquer? Ainda se lembram do “caso do Multibanco” em Coimbra? Pois, eu conto. Segundo os jornais à época, estava uma fila de várias pessoas para uma máquina de levantamentos de multibanco. Veio um juiz, em serviço no Tribunal Constitucional, e, sem explicações, colocou-se à frente de todos. Um dos pacientes –que infelizmente já não está entre nós- da fila insurgiu-se contra a má-educação do magistrado e este mandou prendê-lo. Digam lá está certo o que o juiz fez? O bastonário tem ou não razão em estar contra o tratamento de preferência?
Apesar de continuar perdido sem fio condutor, ainda que discorde um pouco da forma de actuação em detrimento do conteúdo, acho que Marinho e Pinto poderia ter dado um bom bastonário. Não está certo em tudo. Mas na maioria está. Uma oportunidade perdida pela recuperação da imagem da justiça. Uma pena!