quarta-feira, 18 de março de 2009

O IGUALITARISMO CARREIRISTA



Pode um anão já adulto, com um metro de altura, ser igual a uma outra pessoa qualquer, que na mesma idade medirá no mínimo um metro e meio?
Provavelmente a maioria, tendo em conta a obsessão pela igualdade que corre o país, responderá que sim. Acontece que não é nem jamais será, pelo menos fisicamente. Já sabemos que perante a lei, em questões de direitos Constitucionais substantivos, à luz da defesa da alienável dignidade da pessoa humana, este homem tem os mesmos direitos de personalidade.
Agora, esticando mais a corda, pode uma criança de cerca de dez anos, que mal sabe ler, habituada a costumes nómadas, a andar de terra em terra, em que o conhecimento e a literacia nada significa para os seus pais, ser “incorporada” numa turma de outras crianças com outro tipo de educação? Os novos intelectuais dizem que sim. Como já viu, falo de ciganos, e mais propriamente do caso da EB1 de Lagoa Negra, em Barcelos, em que uma turma entre os nove e os 18 anos foi concentrada.
Trata-se, como se sabe, de discriminação positiva. Convém explicar o que é isto de “discriminação positiva”? Se responder à La Palisse diria que é o contrário da negativa, mas muita gente ficaria na mesma. Vou dar dois pequenos exemplos de discriminação positiva para melhor compreensão: o apoio judiciário e uma série de medidas de apoio a deficientes, tais como estacionamento próprio e, inclusive, em sede de IRS.
Trata-se, portanto, de medidas positivas –isto é, tratamento de modo diferenciado para cima- perante uma insuficiência material-social –caso do apoio judiciário-, ou de, em caso de deficiência, haver uma “garantística”, que, através da lei, permita colmatar essas diferenças e elevem o “discriminado” à mesma categoria de “igual”. Uma vez que sem esse subsídio integrador nunca alcançaria essa igualdade pretendida na lei e na Constituição.
Claro que o leitor, que sabe mais disto do que eu –porque sinceramente percebo pouco, tenho apenas umas luzes-, pode acabar logo comigo se disser: mas o ideal não seria acabar com todo o género de discriminação, positiva e negativa? Seria sim. Mas não existem sociedades ideais. Todas pecam, umas por defeito –por exemplo a América Latina e África- e outras por exagero –caso da Europa, que abusa da discriminação positiva.
Voltando ao caso de Barcelos –que quase perdi o fim à meada-, o problema é o aproveitamento destes casos emblemáticos. Começa logo pelo governo, ao anunciar hoje, através do Ministério da Educação, que vai intervir com urgência na escola EB1 da Lagoa Negra. A seguir vem as associações a favor das minorias –caso da SOS Racismo-, que adoram uma notícia sobre discriminação, mesmo que seja positiva, como no caso. Para estas associações são sempre negativas e atentatórias da sua dignidade. Depois vêm os intelectuais, que adoram uma “sandes” de racismo segregacionista e levando atrás os patriarcas das etnias em causa.
Já teriam pensado estes homens de letras que “formatar”, à força, estas pessoas num caldo de cultura pré-concebido é, isto sim, uma violência contra a história e raízes identitárias de um povo? E além de mais: está mais que provado que os resultados têm sido catastróficos ou quase. Se nos lembrarmos de França. Dos bairros problemáticos de Lisboa e, aqui em Coimbra, a integração forçada de pessoas ciganas no Bairro do Ingote.
Há casos de sucesso, há sim senhor, mas serão muito poucos. Pelo que sei, uma maioria de ciganos saídos de acampamentos não se consegue ambientar em habitações ditas normalizadas.
Não resisto a contar esta história. Há cerca de dois anos, a Câmara de Coimbra, senhoria da maior parte do Bairro do Ingote, mandou pintar por dentro e por fora a maioria das habitações sociais. Para além disso, restaurou os locados por dentro. Pois houve casos em que para substituir as louças sanitárias só foi possível com o recurso à PSP, que se manteve no local. Mesmo assim, e perante os técnicos e a polícia, alguns inquilinos ciganos verberavam: “para que é isto? Quando vocês virarem costas eu escavaco isto tudo”. Este testemunho foi-me dito na altura por um técnico que andou lá.

1 comentário:

Anónimo disse...

Na cidade onde vivo existem algumas famílias de ciganos tradicionais, ou seja, daquele tipo de ciganos que vive em acampamentos feitos às três pancadas arrumados a uma qualquer parede. Pela minha observação tirei algumas ilações que me permitiram formular uma opinião da qual estou inteiramente convicta. Este género de ciganos não está minimamente interessado em integrar-se plenamente na civilização. Aquela é a sua maneira de estar no mundo e são felizes assim! Alterar-lhes aquela forma de vida é a mesma coisa que arrancar-lhes a alma. No fundo, pensando bem, nem é de todo descabido. Pelo menos não sofrem ralações como eu, que por vezes tenho de andar a rapar aqui, outras, a rapar acolá, para fazer frente à vida e satisfazer os meus compromissos! Enquanto dou mais voltas na cama do que aquelas que seria normal dar, a pensar como irá ser o dia de amanhã, os ciganos por seu lado, estão descontraídos de papo para o ar a contar as estrelas que brilham no firmamento! Com os diversos subsídios que sacam à Segurança Social e tendo em conta que o único encargo que têm é a barriga deles e a da mula que puxa a carroça, na volta, ainda levam uma vida melhor que a minha, mais descansada e despreocupada, pelo menos! Essa é que é essa! Por mim podem viver à sua maneira que nunca os apoquentarei, apenas lhe condeno o facto de nos perseguirem na sua eterna pedinchice! Isso não aprovo! Que vivam, sim, à sua maneira, mas que não incomodem!