segunda-feira, 6 de abril de 2009

O PAÍS DA FÉ NO SANTO QUE NOS SALVE



No próximo dia 26 de Abril, Nun’Álvares Pereira (1360-1431), graças a um salpico de óleo a ferver que atingiu o olho esquerdo de uma cozinheira de Ourém, será o sétimo português a ser canonizado quase 600 anos depois da sua morte. Segundo fez constar a Igreja Católica, Guilhermina de Jesus, cozinheira aposentada, em Setembro de 2000, estava descansada a colocar uns bocados de peixe na sertã, quando de repente lhe salta para uma das vistas um borrifo de óleo a ferver e lhe provoca uma queimadura grave. “Os médicos foram de opinião que a mazela requeria dois anos de tratamento e que a cura seria apenas parcial. Guilhermina, que apareceu repentinamente curada três meses após o acidente, afirmou que tinha uma imagem do beato Nuno na mesa-de-cabeceira e que lhe pedira que intercedesse a seu favor” –in jornal Público de 5 de Abril.
E pronto!, com uma declaração destas está feito um santo.
Segundo reza a história, quando morreu em 1431 já tinha fama de santo. Foi beatificado quase cinco séculos depois, em 1918 pelo Papa Bento XV –curioso ser o homólogo deste Papa, Bento XVI, a conferir-lhe a canonização.
Conforme anunciado, Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, vai estar presente em Roma no próximo dia 26. Ao que se diz, Portugal é um Estado laico. A ser assim como entender que uma nação que é independente de qualquer confissão religiosa, que professa o laicismo, vai, em representação do Estado português assistir a este evento religioso? Posso estar a ser injusto, mas há aqui qualquer coisa que não liga. Que vão a Roma as mais altas individualidades da hierarquia católica portuguesa até será legítimo e compreensível. Mas ir o chefe de Estado português?
Sinceramente, sem ofender a sensibilidade de quem faz o favor de me ler, acredito que esta canonização não é mais do que uma fraude, um embuste para os católicos. Talvez por isso, Cavaco Silva, devesse manter alguma distância. Evidentemente que este acto não é isolado, vem no seguimento de outros, como por exemplo a beatificação dos pastorinhos.
Admito que as minhas afirmações sejam conflituosas, mas creio que as beatificações e as subsequentes canonizações, pela vulgaridade, começam a tornar-se tão “lana caprina” que qualquer dia as pessoas boas vão deixar escrito em testamento que não querem ser santos “desta casa” que é Portugal.

1 comentário:

Milu disse...

Uma questão aqui se impõe! Porquê aquela senhora? Porque terá sido iluminada com tão grande graça? Logo ela! Que terá feito de tão gracioso que milhares de seres humanos nunca disso foram capazes? A ela até a compreendo, porque o seu mundo deve de ser imensamente restrito! De tão pequenino nem consegue alcançar ou construir na sua empobrecida mente, a verdadeiramente dimensão do sofrimento humano, que para além dela existe e sempre existiu neste mundo! Contudo os altos dignatários da igreja sabem que tudo não passa de uma falácia! Arquitectada para quem, afinal? Para os fiéis? Onde é que eles estão que os não vejo? O que vejo é imensa gente com medo de morrer, isso sim! Acreditar em Deus é o último reduto para aliviar o medo! Mas tudo bem, não sou contra , desde que saibam separar as águas! É que Deus e a igreja não são a mesma coisa, nem nunca foram, isso nos demonstra a história! A igreja não é Deus, não pode por isso decidir por ele!